• Por Priscila Zuini
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caminhao_transporte_logistica_estrada (Foto: Shutterstock)

Condições favoráveis para pequenas empresas participarem até de leilões de rodovias (Foto: Shutterstock)

No começo do mês, o governo federal fez uma mudança significativa nos próximos leilões de rodovias. A exigência de patrimônio líquido mínimo deixa de existir para que mais pequenas e médias empresas participem das licitações.

Segundo Denise Donati, analista do Sebrae e coordenadora nacional do Projeto Compras Governamentais, a participação destes negócios nas compras públicas ainda é pequena. “Hoje, as compras de micro e pequenas empresas estão em torno de 28% a 30% e equivalem a R$ 15 bilhões. Essa participação tem que ser ampliada e melhorada. É um número ainda um pouco tímido”, diz.

Na avaliação de Denise, um dos entraves para que empreendedores tenham o governo como cliente é a falta de conhecimento. “Primeiro, ele teria que ampliar o conhecimento. Eles precisam estar mais capacitados para participar e precisam se informar mais sobre isso”, afirma.

Entre as vantagens, o pequeno empresário terá sempre um cliente ativo. “O governo, mesmo em tempos de crise, tem que comprar. A vantagem é que ele paga. Ele pode demorar, mas paga. É um mercado que movimenta R$ 500 bilhões ao ano e é pouco explorado pelas microempresas”. Confira abaixo dicas e cuidados para participar de compras públicas:

1. Cadastre-se nos sites oficiais

O primeiro passo é fazer o cadastro nos sites dos governos para ter acesso aos editais. “Se não tiver condições de sozinho analisar o edital, procure alguém que saiba ou seu contador”, diz Denise. É importante também fazer uma análise de risco do negócio e converse com outros empresários para saber a situação dos pagamentos, por exemplo.

2. Organize a casa

Após isso, é hora de organizar as contas e a documentação do negócio. “Ele precisa estar preparado com documentação e impostos em dia, além de ter uma pessoa na empresa que possa ajudar a interpretar o edital e analisar se tem condições de participar”, diz. Segundo Denise, é preciso cuidado para não colocar o negócio em risco, participando de concorrências que não poderá cumprir.

3. Comece pequeno

Se esta é sua primeira licitação, é importante começar com contas pequenas. “A gente recomenda também que ele faça uma análise dos riscos de participação e comece sempre por licitações pequenas, de baixo valor, para ele ver se tem capacidade de produção e entrega”, afirma Denise.

4. Escolha as melhores áreas

Hoje, as pequenas empresas atendem, principalmente, as demandas de material de escritócio, marcenaria, uniformes e serviços como reparos elétricos. Outra área importante é a de merenda escolar. “Hoje, 30% da merenda tem que ser comprada da agricultura. Isso estimula o empreendedor a participar.”

Para licitações maiores, como obras de infraestrutura, uma opção é trabalhar em conjunto com outras empresas. “Para grandes obras, a gente recomendaria às pequenas empresas participarem na forma de consorcio, porque sozinha não vai ter condições”, diz Denise.

5. Não se prenda ao governo

Segundo Denise, é importante ter o governo como um dos seus clientes, mas não apenas ele. “É um negócio atraente, mas não recomendamos que seja um fornecedor exclusivo. Tem que continuar o negócio. O ideal é que ele divida, que atenda a demanda local também”, diz a analista.